Friday, September 07, 2007

As manobras de diversão

Estava eu num qualquer sítio a uma qualquer hora, quando dei de caras com uma cerimónia de assinatura de protocolos entre as autarquias do país, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade.
So far, so good.
Nessa cerimónia estava a secretária de estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, o Secretário de Estado do Ambiente Humberto Rosa, entre outros ilustres agentes políticos, desde autarcas até lambe-traseiros. Adiante. Tudo isto a propósito do impacto que os automóveis têm no meio ambiente, rebéubéu, pardais ao ninho.
O que realmente me divertiu foi ver o Senhor Secretário de Estado num discurso espampanante, qual santo a pregar aos peixes, a dizer que era um dever cívico as pessoas deixarem os carros em casa e utilizarem os transportes públicos. Mais, congratulou-se pelo parco poder de compra dos portugueses, pois assim adquiriam carros com baixa cilindrada, menos prejudiciais ao ambiente.
Senhores Secretários de Estado, quantos de vós utilizam transportes públicos para irem para os vossos postos de trabalho?
Eu diria muito poucos, já que dos 20 autarcas e afins que estiveram presentes no dito sítio, àquela hora, nenhum apanhou o autocarro ou o comboio, mas todos tinham brutos carrões com motorista à sua espera...Falar é fácil, não é?

Saturday, December 16, 2006

Do meu Coração para mim


Encharca-te de trabalho.
Não tenhas sequer um momento livre, que acenda a luz da memória.
Não passes pelos locais que visitavas, não te encostes às paredes que lá estavam, não sintas os cheiros que passavam.
Não dês espaço à queda de uma lágrima, as outras virão depois e não te deixarão dormir.
Não deixes que a noite passe lentamente, roubando-te o sono e os sonhos.
Não entres no círculo do desespero, que te come a alma aos bocados.
Não morras de desgosto, porque te arrependeste do que não fizeste.
Não penses que a vida acaba aqui. A vida recomeçou, só não nos moldes em que a projectaste.
Ergue o queixo, vai à luta, apanha os mil bocadinhos de mim que se espalharam pelo mar salgado de cada lágrima que incessantemente choras.

Friday, September 15, 2006

Taras e manias de uma Instituição Santa, Parte II

Ao folhear hoje as páginas do diário de distribuição gratuita "Metro", algo me despertou a atenção, dada a sua componente rídicula e muito antagónica.
a notícia breve falava de um padre detido em Amesterdão, depois de ter feito uma ameaça de bomba num concerto da cantora Madonna. Aparentemente, este "mensageiro de Deus" não achou muita piada à cena de cruxificação que faz parte do concerto da artista.
Este é de facto um insulto aos valores da igreja a merecedor de tal acção (note-se o sarcasmo).
Cada vez mais a igreja se afunda nos seus falsos moralismos, e a velha máxima "não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti", não se aplica.
Em vez de gastarem latim em apontar o dedo aos outros, seria bom algum tempo de introspecção, porque a podridão já começa a ser gritante!

Thursday, August 31, 2006

Arbeit Macht Frei (O trabalho liberta)

É esta a inscrição que está por cima do portão de entrada daquele que foi o maior local de extremínio de seres humanos ao longo da história da humanidade.
Auschwitz-Birkenau foi um dos campos de concentração usados pelos Nazis alemães para aniquilar Judeus, Ciganos, Homossexuais, e outras tantas pessoas que não se enquadravam no ideal da raça ariana.
Quando, em 1942, o comboio parava na estação terminal para milhões de pessoas, militares da SS Gestapo separavam homens, mulheres e crianças, para que, entregues à sua sorte, tentassem sobreviver, o ar que se respirava era o ar adocicado nos corpos que ardiam nos crematórios, espelhado no fumo negro que saía da imponente chaminé que rompia as núvens.
Vacilar podia significar, e quase sempre era assim, uma visita sem retorno aos "chuveiros", que em vez de água, "desinfectavam" os corpos esqueléticos com gás Zyklon B, fatal.
As vozes dos militares cegavam de medo aqueles que nunca se puderam defender. As cercas eléctricas faziam vislubrar o mundo lá fora, que muito pouco fez para acabar com as atrocidades realizadas.
Às 4 da manhã, por exemplo, entravam os Kappo ( responsáveis pelas casernas), mandando formar fila, na rua, por vezes sob uma temperatura que chegava a ser negativa, apenas pela diversão de ver quem aguentava mais tempo. Passadas horas de puro terror, alguns corpos sucumbiam ao cansaço, e rapidamente eram atirados para a morte, sem dó nem piedade.
Parágrafos inteiros sobre a história do holocausto poderiam ser escritas, como já foram.
Nada poderá nunca encher o nosso imaginário daquilo que foi realmente a realidade dos campos da morte, e da terrível política nazi.
Tudo se resume à morte de inocentes, e após tanta propaganda para que tal genocídio jamais aconteça de novo, todos os dias chegam até nós relatos de milhares de pessoas inocentes que perecem por causa de uma ou outra guerra.
Porque Auschwitz continua a ser repetido, diariamente, em todos os cantos do mundo, a placa Arbeit Macht Frei só faz sentido se todos nós começarmos realmente a trabalhar, para libertar o mundo de todas as injustiças.

Thursday, August 17, 2006

"Cada espingarda que é fabricada, cada barco de guerra que é lançado ao mar, cada míssil que é disparado significam, em última instancia, um roubo a quem tem fome e não é alimentado"

President Dwight D. Eisenhower

Thursday, June 01, 2006

5...4...3...2...1...PUM!

Quando, num determinado momento das nossas vidas, desejamos que fosse possível voltar ao passado, para arranjar algo que foi algures estragado, não estamos, certamente, a encaixar a ideia do que significa realmente regressar ao passado.
Num acontecimento do presente está à nossa espera uma torbulenta e massacradora viagem a um passado que tão sofregamente recalcámos.
Quando, a certa altura, me ensinei a amar, ensinei-me também a não querer, nunca mais, sentir aquela vertigem má.
Mas voltei. E não quero.
Não quero doer até à exaustão, não quero doer até ser difícil respirar.
Não quero sentir outra vez, todos os dias, uma angústia gritante que me come a alma aos poucos.
Não quero entrar na montanha-russa das dúvidas, que outrora me roubou tanto de mim para me conseguir libertar.
Não quero sentir de ti, que me salvaste da ruína que me tornei, que me empurras, sem saber, para o poço mais fundo, onde jamais me poderei encontrar.
5...4...3...2...1...PUM!
Não quero morrer, pois desta vez não terei força para ressuscitar.

Tuesday, May 23, 2006

Taras e Manias de uma Instituição Santa

Há algumas semanas, sem conseguir precisar quantas, sai a notícia de que a Igreja Católica aceitava o uso do preservativo em algumas situações, mas continuava firma na sua posição de que as relações sexuais servem para procriar, e o uso do tal contraceptivo não pode nunca ser metido no meio (passo a expressão) desse desígnio de Deus.
Umas semanas depois, sai no jornal Público uma notícia sobre uma mãe alemã que matou a sua criança recém-nascida por não ter como a sustentar, visto que já tinha 9 crianças ao seu encargo. E diz que cometeu esta atrocidade por ser católica fervorosa e não usar nunca o preservativo, por ir contra as suas crenças religiosas.
Moral da História:

Mais vale matar crianças à nascença do que ir contra a igreja católica e usar preservativo! Deus nos Livre!!

PS-Após verificar as fontes, não foi um recém-nascido que a santa mãe matou, mas sim oito..e suspeita-se de um nono homicídio.Amén.